OPINIÃO: Um MBA internacional vale a pena? Como a MIT ajudou a mudar meu mindset

Venâncio Velloso (*)

Prestes a terminar meu MBA aqui na MIT (Massachusetts Institute Technology) fiz um balanço deste ano para responder à questão que inevitavelmente todos fazem antes de aplicar e investir em um MBA internacional nas melhores universidades de negócios.

Vale a pena largar tudo, deixar para trás a família, os negócios, os amigos, sair da zona de conforto para passar uma temporada dedicada exclusivamente aos estudos no exterior? Será que o retorno sobre o investimento e todo esforço dedicado a um MBA internacional vale a pena?

Antes de pensar nestas questões, vale contextualizar rapidamente minha trajetória pessoal que me trouxe até a MIT.

Após mais de uma década longe dos bancos acadêmicos, já tinha perdido o hábito dos estudos. Mesmo com uma graduação nos Estados Unidos em 2003 pela Babson College, o desafio de voltar à vida de estudante depois de tanto tempo sem praticar meu inglês em uma das das melhores escolas de negócios do mundo era assustador.

Mas, passados 13 anos como empreendedor e consultor no mercado digital, período em que fundei 4 startups, um sentimento de vazio tomou conta de mim. Notei que estava faltando alguma coisa. A rotina empreendedora já não me preenchia totalmente.

Foi então que a vontade de voltar a estudar despertou e começou a crescer. Afinal, qual o melhor lugar do mundo para se perder e se reencontrar do que a universidade? O ambiente acadêmico é aberto, colaborativo, propício ao debate, fértil para refletir e abrir sua cabeça.

Confesso sempre ter sido muito cético quanto ao real valor do MBA.

Entendia que servia apenas aos que buscavam uma mudança ou promoção na carreira. Este não era meu caso. Eu queria apenas dar uma pausa para reciclar. Eu já era um empreendedor. A única forma de ser promovido seria investir no crescimento do meu próprio negócio. Minhas transições de carreira foram pautadas pela criação de novos negócios.

Por mais esta razão, o MBA parecia algo insensato para a história profissional que eu já havia construído aos 35 anos. Se voltasse a estudar, precisaria investir um tempo, que, caso não fosse bem aplicado e não trouxesse dividendos, teria um custo de oportunidade enorme.

Avaliei as opções de MBA disponíveis nas escolas internacionais: o tradicional, de 2 anos, o Executive MBA e o Sloan Fellows, oferecido apenas pela London Business School, Stanford e a MIT.

Apliquei para algumas faculdades, mas meu sonho sempre foi a MIT. Encontrei no Sloan Fellows o programa ideal, de curta duração. Fundamentado em 3 pilares – liderança, globalização e inovação -, é um curso full-time acelerado de 12 meses direcionado a mid-career executives com faixa etária entre 34 e 40 anos.

Por ser empreendedor, tive uma forte identidade com a cultura e o ecossistema da MIT, que oferece uma educação bem pragmática, unindo a teoria da sala de aula com a prática de laboratórios no mundo real sob o mote “Mens et Manus” (Mente e Mãos, em latim), que está no escudo da escola.
Mesmo embriagado pela alegria de receber minha carta de admissão, antes de embarcar para os Estados Unidos ainda não estava totalmente convencido de que o MBA acalmaria a angústia daquele vazio.

Após carimbar o passaporte e me recuperar do impacto inebriante de chegar ao universo paralelo do campus da MIT, passei por algumas sessões de coaching e tive muitas conversas com outros alunos que me levaram a entender que a única forma de aplacar minha incerteza do vazio era encontrar um novo propósito.

E encontrei, sem dúvida. Foram 12 meses incríveis que me deram a certeza de que, sim, valeu muito a pena.

Agora, ao me aproximar da formatura, revisito minha experiência na MIT para compartilhar 3 pontos que acredito, por si só, já justificam fazer um MBA internacional (nos próximos artigos trarei outras ‘pérolas’ da minha jornada em Cambridge).

Certamente há outros fatores mais imponderáveis e nem por isso menos importantes. Mas se você está na dúvida, estes deverão ser suficientes para te convencer a pular do sofá e aplicar para seu MBA:

1 – Encontrar um novo propósito
O MBA mudou minha visão de mundo. Definitivamente.
A ideia não era necessariamente dar um up na carreira ou mudar de rumo. Eu queria abrir a cabeça e ver o mundo sob uma nova ótica. Queria reciclar e mudar meu modelo mental. E hoje, perto de concluir o curso, afirmo sem medo que enxergo oportunidades antes desconhecidas.
Antes de embarcar no MBA, estava focado em gerar um grande impacto através da inovação com minhas startups. Com o passar dos anos, depois de construir 4 empresas do zero, acho que esse processo se tornou comum e perdeu um pouco da emoção e da magia da primeira vez, o que me trouxe a sensação de vazio.

Este sentimento vinha da falta de um novo desafio, um novo propósito que só consegui identificar através da MIT, mergulhando novamente no mundo acadêmico para reprogramar meu mindset.
Através do Sloan Fellows consegui identificar um novo propósito que me motivou a sonhar grande novamente. Este novo ideal foi reeditado com um apelo mais social. A geração de impacto através da inovação deixou de ser via minhas startups para ser direcionada agora para outras empresas e profissionais em busca de transformação.

Quero desfrutar do meu aprendizado para ajudar empresas a inovarem como as startups, utilizando as metodologias agile, lean e design thinking, entre outras. Para os profissionais, desejo ajudá-los no desenvolvimento de um mindset empreendedor, com muito pragmatismo e paixão pela criação de soluções de alto impacto, o que farei através dos meus artigos, workshops e um blog que comecei a me dedicar recentemente.

2 – O ROI das top business schools é alto
Sim, uma business school custa caro. O investimento em um MBA é alto, mas a boa notícia é que as universidades oferecem linhas de crédito muito acessíveis, com uma taxa de aproximadamente 6% ao ano, prazo de pagamento de 25 anos, carência de 6 meses após a formatura e, o melhor, um retorno extremamente favorável.

Para se ter uma ideia, o custo de um MBA nas 20 melhores escolas de negócios dos Estados Unidos varia de US$ 100 mil a US$ 150 mil. De acordo com estudo da PayScale, empresa de pesquisa de capital humano, o salário dos alunos formados na Harvard University é elevado em até 55%, na Columbia University em até 53% e na MIT em até 48%.

Para alunos formados no MBA de uma destas universidades, a remuneração pode chegar a entre US$ 180 mil e US$ 200 mil por ano. Assim, com um bom planejamento financeiro, é possível recuperar o investimento em 2 a 3 anos.

E tem mais. Além de subir de patamar na carreira e incrementar os vencimentos, um MBA em uma top business school é praticamente a garantia de conseguir uma posição em uma empresa de renome, especialmente no mercado de tecnologia e consultoria, onde a oferta e a demanda têm sido maiores.

A Sloan School of Management, da MIT, informa em relatório que 93% dos alunos formados em 2016 (60% eram americanos e 40% estrangeiros) aceitaram ofertas de emprego em empresas como Amazon, Google, McKinsey & Co. e Microsoft e 6,1% começaram um negócio próprio.

Vale destacar que no Brasil o diploma de uma das top 10 business schools americana é um diferencial ainda maior que nos Estados Unidos.

3 – Network com Conselheiros Globais de confiança
Tão importante quanto identificar um novo propósito e obter um retorno financeiro sobre o investimento em sua carreira, o MBA traz um legado priceless. Amizades não têm preço. Mas no MBA não ganhamos apenas novos amigos. Conquistamos “advisors” em todos os cantos do planeta.
No nosso programa, por exemplo, foram um total de 110 alunos de 34 indústrias e 35 países diferentes. São professores e colegas de várias nações e mercados que já são ou irão se tornar líderes globais e com os quais  poderá contar em sua jornada profissional para o resto da vida.

Sempre que precisar, eles estarão disponíveis para conversar sobre uma nova tecnologia, uma empresa em análise ou até mesmo um mercado que você desconheça, acelerando sua curva de aprendizado e promovendo insights impagáveis. Se resolver fazer um MBA, ao concluir o programa, recomendo fazer uma lista de 10 nomes dos “advisors” com os quais pretende manter contato.
Em suma, o investimento e esforço dedicado para conquistar meu MBA aqui em Cambridge gerou uma herança vitalícia, com lembranças memoráveis, que vão deixar muitas saudades.

O investimento valeu muito a pena por ter me ajudado a mudar o mindset, encontrar um novo propósito, oferecer um retorno financeiro vantajoso, e ainda, construir um network diversificado com conselheiros qualificados. Esses fatores certamente irão me dar uma vantagem competitiva enorme em uma economia cada vez mais globalizada.

* Venâncio Velloso é empreendedor, fundador do WebPesados e da consultoria DIB (Digital Innovation Builders). No momento, está fazendo MBA no MIT (Massachusetts Institute of Technology).

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