OPINIÃO: Projeto de vida, já pensou no seu?

 Luís Fernando Guggenberger *


Já faz algum tempo que o comportamento dos jovens no mercado de trabalho tem despertado atenção. Segundo dados do Caged – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados –, emitidos pelo Ministério do Trabalho, no primeiro semestre deste ano 260,7 mil trabalhadores jovens entraram no mercado. Em julho o saldo foi bem positivo, na marca de 68,3 mil. Entre as ocupações, as principais são linha de produção, vendedor e trabalhador da agricultura.

Os índices demonstram um “fôlego” na atividade econômica do país e a geração de oportunidades é um fator importante, pois demonstra o crescimento da formalidade entre esse público, o que é fundamental para o desenvolvimento das cidades. E quando o assunto é crescimento, construção e também perenidade vale uma reflexão um tanto interessante sobre a questão do jovem no mundo do trabalho.

Ao longo dos últimos anos estamos cada vez mais interessados em conhecer melhor a cabeça dos nossos jovens, por isso inúmeras pesquisas vêm sendo realizadas para tentar entender a chamada geração dos Millenials, como se comportam, suas ideias sobre a política e a economia, índices de conectividade e o que tanto fazem nas redes sociais, aspirações sobre o modelo educacional, etc.

Se pararmos para olhar a realidade das composições familiares, onde muitas vezes a referência dos pais está completamente perdida, seja pela ausência deles, pela negligência do papel na relação pai x filho ou pelo número de casais separados cujos filhos convivem praticamente com duas casas, vemos que cada vez menos os jovens têm tido espaço para discutir com seus pais sobre seus sonhos, suas ambições, que caminhos percorrer para os colocar de pé. E isso não é um privilégio de condição econômica, social ou geográfica, mas afeta a todos nos mais diferentes níveis. Aliás, nós pais cometemos o equívoco de projetarmos em nossos filhos o que eles devem ser, como conduzir suas próprias vidas, impondo a eles sem antes pedirmos licença para conversar sobre o que querem fazer com seu próprio futuro.

Atuando há alguns anos em temas ligados à juventude e conversando com outras pessoas que atuam neste campo, tenho percebido que as mais exitosas experiências que capacitam os jovens para o mercado formal de trabalho ou para o empreendedorismo são aquelas que inserem em sua metodologia a discussão e construção de projetos de vida. São aquelas que trazem à tona conversas sobre o que esperam individualmente para suas vidas. Se desejam um trabalho numa grande empresa, talvez prestar um concurso público ou porque não empreender um negócio.

Hoje tenho a convicção de que é fundamental e urgente dialogarmos com os jovens sobre o que querem para suas próprias vidas nos próximos anos, seja em casa nas conversas de família, na escola ou em projetos sociais. Devemos seguir uma premissa básica: deixá-los projetar aquilo que eles próprios querem para si, cabendo a nós fazermos as provocações para estimular as reflexões, darmos as ferramentas e condições para que exercitem uma das mais belas habilidades humanas: sua capacidade de sonhar.

Um projeto de vida é um plano que precisa ter uma rota. A rota, por mais sinuosa que se apresente, ajuda a planejar as etapas profissionais, definir metas e escolher projetos que valem investimento pessoal, psicológico, financeiro e educacional.

Se uma jovem quer ser bailarina, que ótimo. Nosso papel enquanto pais, educadores, é fazê-la pensar sobre que tipo de investimento precisará fazer em sua própria formação, seja matriculando-se numa academia ou buscando um curso de dança numa ONG. O fato dela buscar seu primeiro emprego num Call Center não tem demérito algum, pelo contrário, que ali seja um lugar onde ela possa aprender valores importantes para a sua vida artística e que tenha a consciência de deixar uma porcentagem de seu pequeno salário reservada para a busca de seu sonho. É provocá-la a pensar que a jornada não será fácil, principalmente num país como o Brasil que ainda valoriza pouco uma profissão tão bela e digna como esta de seu sonho.

Apoiar um jovem na construção de seu projeto de vida, é fazê-lo pensar que ser empreendedor não é algo mágico que ocorre da noite para o dia. Exigirá 10% inspiração e 90% transpiração e não o contrário como é pregado por muitos gurus por aí. E que empreender pode ser muito mais legal se for promovendo impacto social, visto que nossos jovens estão cada vez mais preocupados com a redução das desigualdades sociais e ambientais em nosso planeta, ou como prega a Artemísia “entre ganhar dinheiro e mudar fique com os dois”.

Um bom exemplo disso é o Coletivo Jovem, do Instituto Coca-Cola Brasil, que atua em parcerias interessantes como a realizada recentemente com o Instituto Vedacit.

A parceria abre potencialidade para o desenvolvimento local, nos bairros onde os jovens vivem e convivem. Ao inspirar e empoderar um público de 16 a 25 anos por meio da capacitação, valorização da autoestima e conexão com novas oportunidades de geração de renda, traz além do conhecimento técnico a vivência em campo, quando eles visitam pequenos comércios em suas comunidades colocando “óculos para enxergar oportunidades”.

Deste modo os jovens levam recomendações de melhorias dos comércios locais, criando assim maneiras dos pequenos comerciantes aumentarem as chances de prosperidade de seus negócios e porque não com isso ampliar as oportunidades de geração de emprego e renda para a própria comunidade, sem a necessidade de grandes deslocamentos, com isso tornamos as nossas cidades mais sustentáveis.

Isso tudo está de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, cuja a meta é implantar os 17 objetivos em todos os países do mundo até 2030. Chamo a atenção para o oitavo objetivo, que é promover o crescimento econômico sustentado e inclusivo, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos.

Dentro dessa meta existe ainda a questão da remuneração igual para trabalhos iguais e do tempo de até dois anos para reduzir a proporção de jovens desempregados e na informalidade. Para isso acontecer, além de acelerar as políticas governamentais, as empresas privadas têm que fazer a sua parte, com iniciativas que contribuam para o desenvolvimento sustentável.

Há muito a fazer pela frente, mas precisamos começar por algum lugar. Cabe ao jovem absorver as oportunidades que se apresentam durante a trajetória profissional, mas nosso papel é fundamental para ajudá-lo na construção de um projeto de vida bem-sucedido. Vamos planejar juntos para construir um futuro melhor?

*Luís Fernando Guggenberger é do Instituto Vedacit. Já atuou na Fundação Telefônica, Vivo, Fundação Gol de Letra entre outras


Confira nossa Fanpage
https://m.facebook.com/ariagcomunicacao/
Twitter: @aricomunicacao

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CAIXA: Feirão é aberto com 25 expositores

MPES: Banco do Nordeste financiou R$ 563 milhões em 2018

INFLAÇÃO: IPC-S acumula alta de 4,32% em 2018