CRISE ECONÔMICA: Quando será a hora dos investimentos?


O cenário macroeconômico de juros em baixa com inflação sob controle permite algum otimismo dos analistas, mas a falta de infraestrutura e episódios como o da BR-163 inibem reações da economia real no sentido do retorno ao crescimento

Adriano Villela

O Brasil iniciou o ano com relativo otimismo na economia. A combinação inflação convergindo para a meta e juros enfim sendo reduzidos garante ao menos a sensação de que deixamos de descer até o fundo do poço. Mas falta ao país indicativos oriundos da economia real que apontem para a retomada do crescimento. Os empresários podem até revelar maior confiança, mas seguem sem investir.

Gargalos como o da BR-163 deixam a retomada do crescimento mais distante. Não consigo entender a lógica - tanto do poder público como da iniciativa privada - de eleger os portos do Pará como estratégicos para o escoamento da soja sem se preocupar em como transferir o grão das lavouras até os terminais de Santarém e Muritituba. Esperou-se o caos chegar até começar a agir na Cuiabá Santarém.

Paga-se neste episódio a conta das obras que demoram 10, 15 anos até serem concluídas. E, no caso, não estou falando de uma tecnologia como trem-bala ou um submarino nuclear. Desde a gestão de José Sérgio Gabrielli à frente da Petrobrás, na década passada, sabia-se que o pré-sal teria maturação lenta. Era preciso desenvolver a tecnologia, pesquisa e equipamentos. Aqui paciência é uma necessidade. Mas tratamos neste artigo de uma estrada em que os caminhões pararam porque atolaram?!

Falta no atual momento brasileiro aumentar os aportes em investimento, sobretudo em infraestrutura. Sem isso, com a consequente redução do famoso custo Brasil, o caminho para o PIB positivo fica mais longe. Um impasse é o aparente paradoxo de o governo federal ter que conter gastos e ampliar investimentos. As concessões, apresentadas como solução, continuam tímidas. Certo mesmo só as desestatizações dos quatro aeroportos - incluindo Salvador, em que a reforma para a Copa de 2014 ainda não acabou. Ainda que sejam agilizadas, as desestatizações não resolvem neste momento, pois dependem do interesse privado em investir, algo que agora não acontece. A saída é os governos  - sobretudo o federal e estaduais -  reduzir as despesas relacionadas à manutenção da máquina pública, o chamado custeio.

Estou convencido de que é na estrutura do Estado que deve receber um freio significativo gastos, suficientemente forte para que haja recurso para investir. Com menos dinheiro, uma família corta supérfluo, mas não a escola da criança ou a prestação da casa própria.

Dentro das ações de investimento, recomenda-se resolver de imediato questões equacionáveis no curto prazo. A BR-163 é a principal via de escoamento de um dos maiores produtos do agronegócio brasileiro, único setor econômico que segue crescendo. Com a BR-163 em ordem, o celeiro de grãos do Centro-Oeste deve obter uma economia de R$ 1,4 bilhões anuais. Haverá mais chances de retorno em um setor com grande peso no desenvolvimento brasileiro. Valerá a pena investir.

O mesmo acontece na Bahia caso se equacione a obra da Ferrovia Oeste Leste (Fiol). No estado não há uma rodovia que garanta o escoamento como a via entre o MT e o PA. A possibilidade de chineses investirem no projeto é positiva. Por isso, a meu ver, a Fiol deve ser tratada como prioridade.

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